E se?

Publicado: 06/12/2011 em Tripalavras

Brincadeira velha essa de pensar – e se?
Se ganhasse na loteria faria isso, aquilo, e mais outro tanto. Se eu perdesse uns quilos pesaria menos? Se fizer sol vou pra rua, vou passear no parque, e se chover? Não posso esquecer o guarda-chuva!
Se tivesse feito diferente naquele momento faria alguma diferença? Provavelmente.
Todos nós já passeamos alguns instantes em nossa imaginação fazendo esse tipo de pergunta.
Natural, afinal nossa vida é uma sequência infinita de escolhas seguidas de consequências correspondentes. Diariamente, desde pequenas situações que por vezes são tratadas automaticamente, como o quê comer no restaurante, até questões mais importantes como por exemplo escolher se mudamos ou não de emprego. Este é também um dos fundamentos do nosso aprendizado, racionalizamos o resultado de nossas escolhas.
Mas não se trata apenas de racionalidade. Brincando de imaginar como seria se acontecesse assim, ou assado, a gente foge um pouco da razão, viaja, escapa por entre as frestas das sólidas paredes daquilo que a gente conhece como realidade, daquilo que a gente assume ser possível. Se não pudermos ser contraditórios, contrariando algumas vezes nossas certezas, perdemos a potencialidade da nossa essência.
E se eu escrever? E se eu falar a coisa errada?
Nunca saberemos como teria sido se tivéssemos escolhido diferente, até porque não faria nenhuma diferença saber disso depois da escolha já ter sido feita. Somos também as escolhas que fazemos, e eu sempre escolhi perguntar.
Se eu soubesse escrever ficção, narrando épicos sobre realidades fantásticas, ela iria me ler? Leria nos meus olhos, mesmo à distância, minha razão contradizendo a carne e mantendo seus lábios à distância dos olhos? Veria a mão impedindo os dedos de lerem a poesia escrita em sua pele branca? Não sei, mas é bom perguntar novamente – e se?

por Nelson Lucyszyn Jr.

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